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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O de cima sobe e o de baixo desce

            Vivemos num país capitalista, alias, num mundo majoritariamente capitalista, logo, é totalmente natural e aceitável que o futebol esteja inserido e seja influenciado pelo sistema de geração de lucro. Com o rompimento de muitos clubes com o clube dos treze e a iniciativa de negociar sozinhos os direitos de imagem e transmissão, as diferenças entre receitas dos clubes tende a aumentar bruscamente. Hoje vamos discutir, jogando dos dois lados, com os prós e contras de cada situação, que são a manutenção da igualdade e, do outro lado, a liberdade de disputa e concorrencia entre os clubes.

           Sem contar as cotas de televisão já há uma diferenciação nas receitas dos clubes, mesmo entre rio e são paulo, devido a patrocinios e fornecedores esportivos, é natural que uma camisa que apareça mais, deva receber mais dinheiro, mas, por exemplo, o Fluminense, campeão brasileiro de 2010, recebia no ano passado, mais de 5 milhões a menos da Adidas em relação ao pago ao Palmeiras, o que é entendivel, uma vez que todos os programas esportivos que são de rede nacional só falam dos times paulistas. Contratos de patrocinio também tem grande diferenciação, se há essa brusca diferença entre o eixo principal do país, imagina em relação a clubes da primeira divisão, mas de menor poder economico, como Ceará, Bahia, e até mesmo os poderosos Cruzeiro e Internacional.

            Querendo ou não, os títulos e melhores classificações se mantem dentro do eixo rio são paulo, tendo algumas escapadas para Minas e para o Sul, escapadas as quais só tendem a diminuir de incidencia, com a liberdade para negociar o preço de direitos de transmissão, clubes gigantes como Corinthians, Vasco e São Paulo, entre outros, nunca aceitarão recer nem perto de outros de menor apelo popular, como Figueirense, Atletico-PR e América-MG, o que vai apenas aumentar o abismo já existente entre esses niveis. Entretanto, com a diferença de hoje, situações de grande técnica ou raros elencos conseguem penetrar no meio dos gigantes e beliscar vagas ou títulos, porém, com a diferenciação cada vez maior, o Brasil tende a se tornar uma Europa, onde 7,8 times vão brigar por títulos realmente, as outras apenas farão figuração.

            O Cruzeiro suou para pagar os 6 milhões por Montillo, já o Corinthians propos 90 milhões por Tevez. Isso falando de duas equipes de muita tradição no futebol brasileiro. A questão é a seguinte, o Timão não está errado de oferecer tanto dinheiro, cada um sabe o que faz com o capital de seu investimento, mas o ponto é o de se os cartolas e dirigentes querem que esse abismo aumentar exponensialmente ou pretendem manobras para atenuar tal questão. Com a nova ordem dos clubes dificilmente o título de um campeonato como o Brasileiro, de pontos corridos e bem longo, vai sair de uma equipe das com maior receita, pois gerará melhor elenco e peças de reposição, além da estrutura que poderá ser propiciada.

          Patrocionadores e fornecedores de material esportivo já faziam diferença entre cada clube, e já criavam uma elite do futebol, se os direitos de imagem, que são a principal fonte de receita do futebol, também entrar na onda, vai ficar cada vez mais clara a superioridade, o que já começa a ser sentido, visto que hoje os 7 primeiros colocados do brasileirão são os 4 cariocas e 3 paulistas, com excessão do Santos, campeão da América.

          E o que se pode fazer? O futebol é o esporte do nosso país devido ao seu vies democrático, onde todos podem assistir, qualquer um pode jogar e, principalmente, qualquer um pode ganhar. Juventude, Criciuma, Guarani e Bahia já foram campeões nacionais. A elitização do futebol vai acabar com o brilho dessa democracia. Uma solução é os cartolas mudarem a forma de disputa, o sistema de mata mata já utilizado possibilita que haja essa zebra, esse intruso no meio dos gigantes.

         Na minha opinião, vai ser triste o Brasil virar a europa, onde o Real Madrid e o Barcelona tem mais de 40 títulos nacionais, e vão sempre continuar brigando. Lembrando sempre que não é demérito dos grandes clubes, que devem fazer tudo para ganhar mesmo, se há possibilidade de crescer, devem o fazer. O ponto é para ser observado por dirigentes capazes de tentar frear ou ao menos amenizar a elitização do futebol brasileiro.

           Uma questão dificil e que envolve muitos interesses, principalmente movidos por paixão, entretanto, a razão deve entrar nesse meio para não acabar com uma das coisas que ainda alegram o povo brasileiro.

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